Está aí uma pesquisa que explica muita coisa. De amuletos que
supostamente dão sorte até situações em que você diz “isso não vai
terminar bem” e realmente acaba se envolvendo em problemas. Trata-se,
meus caros, do poder da sugestão.
Em um artigo publicado na edição de junho do periódico Current Directions in Psychological Science, psicólogos das Universidades Victoria de Wellington, Harvard e Plymouth exploraram a relação entre cognição, comportamento e sugestão. Eles já estudavam essa relação há anos em suas carreiras de pesquisadores e chegaram à conclusão de que “os efeitos da sugestão são maiores e geralmente mais surpreendentes do que muitas pessoas podem imaginar”, como definiu Maryanne Garry, da Universidade de Wellington, Nova Zelândia, ao Medical Xpress.
Segundo eles, isso pode influenciar, por exemplo, o desempenho das
pessoas em tarefas que envolvem aprendizado e memória, os produtos que
preferem consumir e como responderão a medicamentos e tratamentos.
Mas o mais interessante é como esse efeito pode ser observado em nossa vida diária. Isso está no que eles chamam de “expectativa de resposta”, ou a maneira como antecipamos as nossas respostas em várias situações. Essas expectativas nos preparam – ou programam
– para respostas automáticas que vão nos influenciar para conseguir o
resultado que esperamos. Para entender melhor: uma vez que antecipamos um resultado específico, nossos pensamentos e ações vão nos ajudar a realizá-lo.
Em termos práticos: se uma pessoa tímida acredita que uma taça de vinho vai ajudá-la a ficar mais desinibida
e conhecer mais pessoas em uma festa, isso provavelmente vai ajudá-la e
ela vai se sentir livre para se envolver em mais conversas. Mesmo que
dê o crédito para o álcool, porém, está claro para os pesquisadores que foram as suas expectativas de como o vinho a faria se sentir que fizeram o maior papel. Outro exemplo: um amigo diz, do nada, que você está meio esquisito
e pergunta se há algum problema. De fato não havia nenhum, mas, depois
dessa pergunta, você fica encanado e começa realmente a agir estranho,
sem saber o porquê.
Sim, o poder da sugestão também pode tem seu lado ruim. E isso é especialmente grave na pesquisa científica. Para os autores, simplesmente observar uma pessoa em um experimento já tem efeito sobre ela
e pode afetar os resultados – fazendo com que se dê o crédito para
alguma droga ou tratamento que se está pesquisando e não para o efeito
sugestivo da pesquisa em si, por exemplo. É por isso que pesquisadores
precisam tomar o máximo cuidado ao comunicar suas intenções para os
voluntários, já que a mera expectativa comunicada pode influenciar as respostas.
Os autores do artigo Garry afirmaram que ainda há muito a ser
pesquisado sobre o tema. Mas fica a aposta: “Se conseguirmos desvendar o
poder da sugestão, poderemos melhorar a vida das pessoas”, afirma Garry.
Fonte- Revista Superinteresante Ana Carolina Prado
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