sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Pseudo-baleia: visão sociológica

Por várias vezes já ouvimos falar sobre a estória bíblica de Jonas e a baleia. Num breve relato lembremos que Deus mandou o profeta Jonas ao povo de Nínive, grande capital do Império Assírio, para persuadi-los a se arrependerem ou seriam destruídos dentro de 40 dias. Contudo, Jonas procurou fugir do Senhor e na cidade de Jope embarcou num navio com destino a Tarsis. Durante a viagem houve grande temporal e os marinheiros arremessaram Jonas no mar,Deus fez vir um enorme peixe (ou baleia), que engoliu Jonas, conservando-o vivo em seu ventre durante 03 dias e 03 noites. Pediu o Profeta que o Senhor o salvasse; Deus o atendeu e o peixe lançou-o na praia. O Senhor disse novamente a Jonas: “Vai a Nínive prega arrependimento”. Jonas obedeceu. Andou pela cidade, bradando: “De hoje a 40 dias Nínive não existirá mais!” Os ninivitas acreditaram e se arrepederam e Deus, reconhecendo sua contrição, apiedou-se deles e desistiu do tremendo castigo que havia ameaçado.



Nos anos 70 os compositores Sá, Rodrix e Guarabira fizeram a belíssima canção “Mestre Jonas”. A letra satiriza a visão conservadora da vida, o conformismo, a falta de iniciativa e de coragem para viver o que há fora da baleia. Utilizando de metáforas, critica os parâmetros da sociedade e reclusão individual, fazendo citações às práticas sócio-políticas, denunciando o contemporâneo sistema, baseado na ausência de consciência crítica do indivíduo e manipulação cultural e política da população.

Vejamos o que diz a letra:

“Dentro da baleia mora mestre Jonas,
Desde que completou a maior idade,
A baleia é sua casa, sua cidade,
Dentro dela guarda suas gravatas, seus ternos de linho.

E ele diz que se chama Jonas,
E ele diz que é um santo homem,
E ele diz que mora dentro da baleia por vontade própria,
E ele diz que está comprometido,
E ele diz que assinou papel,
Que vai mantê-lo dentro da baleia,
Até o fim da vida,
Até o fim da vida.

Dentro da baleia a vida é tão mais fácil,
Nada incomoda o silêncio e a paz de Jonas.
Quando o tempo é mal, a tempestade fica de fora,
A baleia é mais segura que um grande navio.”

Essa baleia pode ter muitos nomes: o mundo das drogas, a religiosidade extremada, o isolamento de tribos sociais, alienação em ideologias diversas; mas atentaremos para o conformismo contemporâneo.

O conformismo é uma característica marcante de todos nós que vivemos em grupo e que tendemos a comportarmo-nos e a pensar de acordo com as tendências dominantes do grupo em que nos integramos. Mas, infelizmente, o conformismo nos conduz ao lugar comum, a uma estagnação nas crenças limitantes do inconsciente coletivo (social), que transportam a pessoa para o conformismo sem sequer perceber essa locomoção.


O educador Paulo Freire profetizou que as tarefas do tempo do homem moderno em vez de serem fruto de decisão consciente a partir da própria realidade, são decisões de uma elite que por meio da prescrição; massifica, domestica, acomoda, rebaixando o homem à condição de objeto. A massificação transforma os homens em seres passivos, acomodados, ajustados, incapazes de decidir, sem liberdade, e, portanto, heterônomos.

Hoje o homem vive um conformismo pelo qual se torna obrigatório pensar como pensam todos, agir como agem todos. A elite da sociedade dita aos cidadãos um padrão de vida em que eles julgam que é o certo e normal. Ao se conformar com esses padrões, deixamos nossa mentalidade fechada, pois por ser comum a todos, se torna um modo de viver mais fácil. Resumindo, ninguém vai rir de você, te achar estranho ou te condenar, pois você é comum.



Em troca de um falso bem-estar, o homem que aceita ser “comum” torna-se indivíduo preso e manipulado por um sistema fraudulento alimentado pelo engano e pela ambição, projetado por aqueles que ditam as regras.

Essa alienação retira seu direito de escolha, faz conformar para não tomar atitudes. É uma neutralidade que amordaça o senso crítico e o transforma em mais uma coisa chamada "Senso comum" - aquilo que é comum para todos, igual a todos, cópia.

Isso me fez lembrar mais uma música: Ehhhhh vida de gado, povo marcado...Ehhh povo feliz...

sábado, 24 de setembro de 2011

Polícia, política e greve

Nosso amigo Historiador Raul Nogueira fez hoje no facebook um manifesto sobre a greve dos professores em Minas Gerais e o ocorrido na última semana na Assembléia Legislativa. Leiam, reflitam e manifestem!
Polícia, Política e Greve
Em Minas Gerais estamos 100 atrasados. Lamentável!
A idéia de que a PM é um braço armado do Estado e que uma greve ainda é caso de Polícia precisa acabar neste país.


A verdadeira POLÍCIA é aquela que está para defender os direitos dos cidadãos, independente da classe profissional, da classe social, da raça, da religiosidade e das opções sexuais, que cada um defende!!

Preservar a ordem pública não é reprimir, censurar ou oprimir os manifestantes, mas sim promover a dignidade humana, os direitos humanos e a paz social!!
A paz social permeia o direito à liberdade, à manisfetação individual e coletiva e os direitos de ir e vir!!



A GREVE é um instrumento legal, constitucional e internacional reconhecido e construído ao longo da História por diversos povos. No Brasil a desconstrução deste direito recorre ao conservadorismo, à tradição e à preservação dos privilégios da elite e de um governo subserviente ao CAPITAL!


Em Minas é vergonhoso a instrumentalização do ESTADO para a manutenção e preservação do poder político e econômicos nas mãos do tucanato.
Temos uma oposição ineficiente e interesseira. Uma mídia que não faz uso dos seus princípios de isenção e imparcialidade, e uma sociedade que não tem honrado seus principios de defesa da liberdade!!


Qualquer reformulação social, política ou cultural deste Brasil que almeja ser grande, terá que passar pela reformulaçao da EDUCAÇAO, e valorização dos profissionais da educação (EDUCADORES).
ACORDA MINAS, ACORDA BRASIL!
Raul Nogueira

Vídeo 1: http://www.youtube.com/watch?v=Xv20KkdIzBQ&feature=related

Vídeo 2:http://www.youtube.com/watch?v=w92t0DJbhQI&feature=related

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Afinal, o que é Conhecimento?


O objetivo deste artigo é construir com o leitor um breve entendimento, através da história, sobre a compreensão das influências de várias teorias do conhecimento estabelecendo parâmetros de avaliação, critérios de verdade, objetivação, metodologia e relação sujeito e objeto para os vários modos de conhecimentos diante da crise da razão que se instaurou no século XX e que há de se prolongar neste presente século, através dos desafios da construção de uma ética normativa compatível com as evoluções das descobertas e do conhecimento no campo científico.

Começamos por conceituar o conhecimento: Conhecimento é a relação que se estabelece entre sujeito que conhece ou deseja conhecer e o objeto a ser conhecido ou que se dá a conhecer.

Na Grécia Antiga temos várias visões e métodos de conhecimento:

·       Sócrates: Estabelecendo seus métodos: ironia e maiêutica.

·       Platão - Doxa - A ciência é baseada na Opinião

·       Aristóteles - Episteme - A ciência é baseada Observação (Experiência)

I - Teoria do Conhecimento na Antigüidade:

Podemos perceber que os Filósofos gregos deixaram algumas contribuições para a construção da noção de conhecimento:

a. Estabeleceram a diferença entre conhecimento sensível e conhecimento intelectual

b. Estabeleceram diferença entre aparência e essência.

c. Estabeleceram diferença entre opinião e saber

d. Estabeleceram regras da lógica pra se chegar à verdade

II -Teoria do Conhecimento na Idade Média:

1. Na Patrística - Temos a tendência da conciliação do pensamento cristão ao pensamento platônico, sendo seu grande expoente Santo Agostinho.

2. Na Escolásticas - Temos a anexação da Filosofia aristotélica ao pensamento cristão, com o estreitamento da relação Fé e razão, sendo seu grande expoente São Tomás de Aquino.

3. Nominalismo - Temos o final do domínio do Pensamento Medieval, com a separação da Filosofia da teologia através do esvaziamento dos conceitos. Sendo seus expoentes Duns Scotto e Guilherme de Oclkam.

III - Teoria do Conhecimento na Idade Moderna:

A primeira revolução Científica trouxe várias mudanças para o pensamento, dentre as quais podemos destacar a mudança da visão teocentrista (Deus é o centro do conhecimento), para visão antropocentrista (o homem é o centro do conhecimento).

1. O racionalismo de. René Descartes - O discurso do Método: A máxima do cartesianismo "Cogito ergo sun".

2. O empirismo:

a. John Lock - a experiência

b. David Hume - a Crença

3. O criticismo kantiano: O conhecimento a priori: Universal e necessário.

4. A herança iluminista: A razão.

III - Teoria do Conhecimento na Idade Contemporânea: A Crise da Razão.

O novo iluminismo de Habermas. A razão crítica precisa:

a. Fazer a crítica dos limites

b. Estabelecer princípios éticos

c. Vincular construção a raízes sociais.

CONCLUSÃO:

A construção do conhecimento fundado sobre o uso crítico da razão, vinculado a princípios éticos e a raízes sociais é tarefa que precisa ser retomada a cada momento, sem jamais ter fim.

O assunto é por demais amplo e muito bem discutido por vários filósofos. Nossa pretensão foi apensas de trazer uma reflexão através de um esboço sistemático da história do conhecimento.

Deixamos para apreciação através de uma análise analítica e crítica os principais modos de conhecer o mundo e suas formas de abordagens para se chegar ao conhecimento verdadeiro. 

Modos de Conhecer o Mundo
Critérios de verdade
Objetivação
Metodologia
Relação sujeito-Objeto
1. O Mito
A Fé
Dogmatismo - Doutrinamento e Proselitismo
A experiência pessoal
Relação Suprapessoal, onde a Revelação do Sagrado se manifesta (revela) sobrenaturalmente ao profano através do rito (Dramatização do mito, ou seja, da liturgia religiosa).
2. A Filosofia
A razão
A razão discursiva.
A dialética
(O discurso)
Relação transpessoal onde a palavra diz as coisas. O mundo se manifesta pelos fenômenos e é dizível através do logos.
3. O Senso Comum
A cultura ética e moral
A Tradição cultural
As crenças silenciosas
(Ideologias)
Relação interpessoal, onde a ideologia estabelecida pelas idéias dominantes e pelos poderes estabelecidos.
4. A Arte
A estética
Esteticismo = A subjetividade do artista e do contemplador (observador) da arte.
O gosto
Relação pessoal, onde a criatividade e a percepção da realidade do autor e a interpretação e sensibilidade do observador.
5. A Ciência
A experimentação
Objetividade -Comprovação de uma determinada tese de modo objetivo
A observação
Relação "impessoal", A isenção do cientista diante de sua pesquisa: O mito da neutralidade científica.

Prof. Vanderlei de Barros Rosas / Leia mais: http://www.mundodosfilosofos.com.br/vanderlei22.htm

Qual o valor do conhecimento?




Ao recorrer à história, constatamos que o homem segue uma trajetória em busca de poder, durante séculos a força determinava o poder; os mais fortes dominavam os mais fracos e impunham sobre estes a escravidão por seus deleites e vaidades, para deixar claro a todos, que eles detinham o poder.

Mas hoje, o poder não mais é alcançado através da força. A força pode até subjugar pessoas, povos e nações, mas não é mais símbolo de poder. O poder mudou de mãos. Hoje, quem tem o poder é quem tem a informação, o saber, o conhecimento.

Quanto mais sabemos, mais poder teremos. Poder no sentido mais amplo, não significando apenas “ser chefe”. Quem conhece mais escolhe melhor, pois possui mais subsídios e não se deixa levar pela primeira impressão dos fatos. Francis Bacon já preconizava: ”Conhecimento é poder.”

É importante que se entenda muito bem que o que traz valor para as pessoas, no longo prazo, é o conhecimento e não a informação. Não se pode negar o valor da informação certa na hora certa, principalmente aquelas de caráter competitivo. Porém, há de se definir que a informação tem caráter cumulativo, enquanto o conhecimento é seletivo, ou seja, enquanto a informação pode ser buscada na hora que dela necessitamos, e armazenada se necessário for, o conhecimento exige inferência e uso para gerar valor.

Na verdade, o conhecimento só serve para duas coisas: ser compartilhado ou gerar valor. O conhecimento retido em uma mente ou num livro que nunca será lido é um tesouro no fundo do mar. Sabe-se que existe, mas é inútil. A sabedoria, por sua vez, é todo o conhecimento aplicado. Se você conhece todos tipos de dieta, mas não pratica, não adianta, você continuará com os quilinhos a mais, não é verdade? Quando você usa conhecimento para viver melhor, produzir melhor, está exercendo uma certa sabedoria.

O Conhecimento é o grande tesouro, o verdadeiro poder da atualidade. Quem o tem determina o seu destino. O sucesso ou o insucesso é determinado por apenas este detalhe.

"Investir em conhecimento rende sempre os melhores juros."

- Benjamim Franklin

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

COMO LIVRAR-SE DA AUTOSABOTAGEM



Por diversas vezes você já deve ter ouvido falar em autosabotagem. Mas, você sabe realmente o que é? Sabe o que significa? Pode ser que você nem saiba definir o significado, mas com certeza já experimentou momentos em que decidiu agir de um jeito e na hora H agiu de outro. Não raras vezes, você já teve a impressão de que duas pessoas diferentes vivem dentro de ti, cada uma querendo algo diferente e ao final, ganha aquela que tiver mais força. Isso é autosabotagem.

Ao olhar no espelho pode perguntar: Como acontece isso? Há dentro de mim um inimigo? Mais ou menos, a autosabotagem age realmente como um inimigo que preferencialmente aparece para fazer com que seu plano nunca dê certo. Ela se esconde dentro de você e silenciosamente age potencializando seus medos, suas ansiedades, criando várias dificuldades e bloqueando vários setores de sua vida; o impede de ter disciplina, de se organizar físico e mentalmente e entre outras coisas, produz uma inquietação fazendo com que você, viva criando desculpas para não conseguir decidir, quebrar barreiras e atingir seus objetivos.

Porque a autosabotagem é tão "poderosa em atrapalhar meus planos"?

Primeiro temos que entender como funciona o que chamamos de paradigma. Um paradigma é um modelo, um padrão e apesar de um significado tão simples, sobre as pessoas ele funciona como óculos escuros num ambiente de pouca luz e produz uma distorção na percepção da realidade e portanto funcionando como um autosabotador que limita habilidades , competências e resultados.



Dentro de nosso cérebro ele cria a dúvida de ser ou não capaz de superar os obstáculos e por esta razão, sem perceber você fica cultivando um sentimento oculto de covardia interior que cria armadilhas para si mesmo.

Para alcançar-mos algo nesta vida, temos que nos sacrificar. Ocorre que o cérebro tem como finalidade principal a autopreservação e a preservação da espécie e portanto identifica o "sacrifício" como algo ameaçador, por essa razão eleva o nível de estresse e por fim, isso acaba bloqueando as capacidades necessárias para um bom desempenho, seja criando um estado de confusão, seja criando um conflito entre fazer o que gosta X sacrificar-se para atingir um objetivo.



Para o cérebro esforço tem a conotação de dificuldades e desprazer . O simples pensamento de executar qualquer coisa penosa diminui drasticamente nosso desempenho, a sensação é de subir uma imensa montanha todos os dias. Esse tipo de sintoma no contexto da aprendizagem é responsável pelo desânimo que compromete a capacidade de compreender, lembrar e aprender.

Na vida, tudo que repetimos e vivenciamos com freqüência torna-se um padrão (paradigma) e como já vimos o padrão de sacrifício não é nada animador. Para mudar esse padrão desagradável e limitante é preciso criar um recurso que o conduza a um estado mais animador e estimulante. O que fazer então para mudar esse paradigma agindo de forma mais coerente e eficiente em relação aos resultados que deseja?



Motivação é a força motriz que nos impulsiona de maneira eficiente para a produção de resultados.

Mude suas referências, reprograme a forma de pensar de forma eficiente. No lugar de pensar e dizer que é preciso muito sacrifício nas tarefas, pense e declare que decidiu ter mais dedicação nas tarefas. Isso o coloca no controle da situação porque passa a ser uma decisão (escolha) e não uma necessidade (obrigação -> sacrifício), além do que dedicar (oferecer-se com afeto), dá ao cérebro um estímulo de prazer. É possível que no início da mudança de paradigma, ocorra um certo conflito interno, afinal, mudar de opinião é mais simples do que mudar de atitude, contudo, com um pouquinho de disciplina você conseguirá desenvolver um outro padrão de pensamento mais compensador. Quando vier a sua mente a idéia de sacrificar-se, inverta para a idéia de DEDICAR-SE.

As coisas e situações podem ter um nível de dificuldade, mas isso não é impossibilidade . Quanto mais dedicação houver, mais facilidade, mais alegria você sentirá; e a região do cérebro responsável pela sensação de recompensa (ativado por ideias e atitudes) produzirá substancias dopaminérgicas responsáveis pela motivação e prazer.

Lembre-se seu único concorrente é você, afinal você só precisa de uma vaga. Não se preocupe com os outros. Ocupe-se de você. Mantenha seu foco, para alcançar suas metas!



Para ajudar-lhe a eliminar os paradigmas limitantes e alinhar seus desejos com suas idéias - pensamentos e comportamentos mais eficientes, para conquistar seus sonhos, você tem uma poderosa ferramenta, o COACHING.


www.americancoaching.com.br


Leonardo Moreira
COACH

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Para construir o teu futuro, estude o passado

Ser professor hoje é mostrar aos alunos um ponto de vista do mundo que eles ainda não viram, com dedicação com amor e acima de tudo com esperança de dias melhores.
A educação é um instrumento de transformação do ser humano, pois torna-o capaz de pensar, sentir e agir de forma consciente e plena.



De acordo com Gadotti, "Aprender não é acumular conhecimentos. Aprendemos história não para acumular conhecimentos, datas, informações, mas para saber como os seres humanos fizeram a história para fazermos a história. O importante é aprender a pensar (a realidade, não pensamentos), aprender a aprender".

No decorrer dos tempos, a educação tem evoluído cada vez mais. Com o advento da globalização, o conhecimento - até então restrito - vem sendo socializado, através dos sistemas de informação.

Mas não adianta ter acesso a esse conhecimento sem pensamento crítico e reflexivo. Atualmente estamos passando por profundas transformações na educação, tendo em vista que a informação se propaga extraordinariamente através dos meios de comunicação. Antes, a mesma era pautada em apenas transferir conhecimento - o professor detinha o saber - hoje coloca-se o aluno como centro de aprendizagem. Segundo Gadotti "O Professor é muito mais um mediador do conhecimento, diante do aluno que é o sujeito da sua própria formação.

O aluno precisa de construir e reconstruir conhecimento a partir do que faz". As chamadas TIC colocam o aluno frente a frente com o saber. Cabe ao professor mediar este processo de aprendizagem de forma que o aluno venha ser capaz de "aprender a aprender" e "aprender a fazer", sendo estes os grandes pilares da Educação.

Segundo Gadotti, "diante da velocidade com que a informação se desloca, envelhece e morre, diante de um mundo em constante mudança, seu papel vem mudando, senão na essencial tarefa de educar, pelo menos na tarefa de ensinar, de conduzir a aprendizagem e na sua própria formação que se tornou permanentemente necessária". Há a necessidade de uma nova mudança no papel da educação, passando de apenas transmissão de conhecimentos para colocar em primeiro lugar o "aluno", havendo, desta forma, uma troca de saberes, de experiências, motivações para que o "aluno" seja capaz de "um dia" intervir e de se relacionar com a sociedade/realidade em que se depara, a partir desse conhecimento.

Os desafios educativos colocados pela sociedade atual e pelo trabalho docente são cada vez mais exigentes e em constante mutação. Nos últimos trinta anos, assistiram-se a profundas mudanças sociais que se repercutiram nos comportamentos, estilos de vida, atitudes e valores, com elevado impacto na vida e na profissão dos profissionais da educação (Barros, 2005). É num contexto de incerteza face às mudanças educativas constantes que os professores da "escola de hoje" trabalham tentando, mesmo assim, responder positivamente àquilo que a atualidade escolar exige.



Ser professor hoje é mostrar aos alunos um ponto de vista do mundo que eles ainda não viram, com dedicação, com amor e acima de tudo com esperança de dias melhores.

Concordo com Rubem Alves quando ele menciona: "Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O Professor assim não morre jamais...". É através das nossas atitudes e ações que podemos transformar a educação refundindo num lugar onde todos possam ser incluídos podendo dividir as mesmas oportunidades.

Podemos afirmar que se cada um fizer a sua parte, juntando a sua parte com a dos outros, podemos mudar a realidade atual e, desta forma, olhando o passado perspetivamos o futuro.
Augusto Cury refere: "Educar sempre foi uma arte que dá prazer, mas atualmente passou a ser um canteiro de ansiedade (...), uma semente foi plantada e talvez (...) talvez germine".

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O valor da Inteligência Emocional do líder nas organizações

As organizações inteligentes e competitivas estão investindo consideravelmente na formação das lideranças, pois sabem que o investimento realmente vale a pena. Atualmente, as exigências são de que o líder em qualquer nível da organização seja um mentor, treinador, conselheiro, aliado, amigo esteja sempre com foco nos interesses da empresa e nos interesses das pessoas que o cercam.



São exigidas também competências em comunicação oral e escrita, capacidade de escutar, negociar, administrar conflitos, estabelecer estratégias e táticas, e, claro, influenciar positivamente o comportamento das pessoas com quem trabalha. Além disso, espera-se que o líder possua qualidades tais como: honestidade, ética, energia, flexibilidade, comprometimento, empatia, sensibilidade, bom humor, consciência e humildade. Conclusão: a inteligência emocional é um fator crucial no sucesso da carreira de um líder.

As emoções são fontes de poder pessoal mais poderosa do que o poder de posição. Os sentimentos proporcionam informações vitais e podemos crescer todos os dias. O que procuramos nos negócios e na vida não está lá fora, nas últimas tendências da tecnologia, está aqui, dentro de nós mesmos.

A essência de uma vida plena de significado e sucesso é estar sintonizado com o nosso interior, conseqüentemente, estimulando para os outros o EU REAL, ativado pelos nossos valores mais profundos. O líder inteligente emocionalmente tem consciência de seus hábitos e das pressões que sofre no cotidiano. Pressões, incertezas e mudanças o atingem por todos os lados, daí as capacidades desenvolvidas contam para a carreira, porque o investimento maior é em si mesmo. E para que todo esse investimento?

O líder deve e pode influenciar sem manipulação e sem autoridade. Aprendendo sempre a perceber, relacionar-se, inovar, priorizar e agir de maneira que leve em consideração a valência emocional, em vez de depender somente da lógica, do intelecto ou do pensamento concreto. Assim, o líder faz história; a sua biografia torna-se não apenas a sua biologia, mas a sua existência torna-se marcante na vida das pessoas.

É o líder formador de valores, guia e receptor da inteligência emocional. Sabe que é observado, mesmo de longe, notado nos mínimos detalhes do seu discurso, gestos, sentidos e comportamentos diários que são percebidos, interpretados e lembrados por quase todos com quem se relaciona. É o líder que irradia um tipo especial de sentimento que combina o espírito aprendiz com a inteligência emocional. Faz algo com que os outros sintam e reajam. E no dia-a-dia exerce o poder de construir a sua história.

O líder guerreiro emocional e a relação com o poder - Ao longo desses anos, conheci um grande número de executivos para os quais o treinamento em Educação Emocional tornou-se uma ferramenta poderosa de transformação social, o que os levou a estender as idéias aprendidas para além de suas próprias vidas. Essas pessoas pertencem a um time de elite que chamo de Guerreiros Emocionais. Há duas maneiras completamente diferente de ter poder nesse mundo: os jogos de poder e a educação do poder.



Num dos extremos está o líder sem sentimentos e, portanto, sem limites para suas necessidades egocentradas. A empatia não exerce muita força sobre esse tipo de líder, que precisa ser frio diante das expectativas de suas vítimas e tudo fará para manter seu domínio. Contudo, para tornar-se um guerreiro emocional, é necessária a educação do poder. O líder inteligente emocionalmente entende o funcionamento do poder como forma de crescimento, sabe quando deve tomá-lo, como compartilhá-lo e, às vezes, como abrir mão dele.

O problema é que, num sistema com base na dominação, como é o nosso, definiu-se erroneamente o poder como a capacidade de controlar outras pessoas. Infelizmente, grande parte das reflexões em torno do poder adota essa linha de pensamento. Os líderes guerreiros emocionais são diferentes: são apaixonados, centrados e espiritualmente conscientes, se interessam pelo destino do próximo e se preocupam em não extrair o poder dos outros. São capazes de reunir energia e aptidões suficientes para enfrentar os problemas com equilíbrio e sensatez. O líder emocional inteligente utiliza-se de dez fontes do poder pessoal:

1- Equilíbrio: Habilidade em que o líder sabe onde está pisando;
2- Paixão: Aptidão que estimula a avançar, essa força que tonifica a vida;
3- Controle: Capacidade para manter o domínio firmemente, possibilitando lidar com ambiente e as pessoas através da autodisciplina;
4- Amor: Disposição para unir as pessoas, estimulando-as para trabalhar lado a lado, incansavelmente;
5- Individualidade Firme: Competência para amar a si, isso significa defender sua singularidade pessoal;
6- Lealdade Inabalável: Sendo leal, somos conscientes da vida dos outros seres humanos e demonstramos ao outro o mesmo afeto que sentimos por nós;
7- Honestidade Consciente: Gostar da verdade;
8- Comunicação: Nosso elo com os outros para compreender e ser compreendido. Os grandes mestres são excelentes comunicadores;
9- Informação: Nosso antídoto para as incertezas. Se nos falta o poder da informação, sofremos de ignorância;
10- Transcendência: Fonte de poder que representa o desapego, a liberdade que é dada aos fatos e assim deixamos de temer o futuro, proporcionando fé e esperança de que a nossa vida e a dos outros tem significado.

Por Marco Antonio Lampoglia, Psicólogo

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O sentido do tempo

Nosso cérebro recebe e interpreta informações com um ritmo particular, com base em referências mais ou menos realistas.



Cada um de nós possui uma espécie de relógio interno que determina, por exemplo, a agilidade com que digitamos as teclas de um computador, a cadência da fala ou a velocidade com que um pianista converte uma partitura em som. Em todos esses casos o cérebro recebe e interpreta informações com um ritmo particular, com base em referências mais ou menos realistas.


Um teste simples permite observar como essa ritmicidade varia de indivíduo para indivíduo: peça para uma pessoa tamborilar as teclas de um piano usando apenas o dedo médio, primeiro de forma “rápida” (três batidas por segundo) e, depois, de um jeito mais “lento” (uma batida por segundo). Em seguida, oriente outra pessoa a fazer esse mesmo exercício: apesar da instrução de quantos toques devem ser dados por segundo, ela certamente baterá nas teclas do instrumento de forma antecipada ou retardada em relação à outra.


Ambas nada mais fizeram do que distribuir as batidas de acordo com sua percepção do que são três ou um toque por segundo. Essa individualidade na forma de medir o tempo já havia sido descrita pelo fisiologista alemão Ernst Weber na primeira metade do século 19. Ele observou que todos temos uma escala de tempo similar, mas que invariavelmente pende para mais breve ou mais longa.

odemos descrever essa escala de tempo como uma espécie de régua de borracha que pode ser afrouxada ou esticada para abarcar cada intervalo de tempo, de segundos a dias. Os "números" da régua não fornecem uma medida objetiva, mas "elástica", relativa. O “erro” de medição é proporcional a cada ritmo particular. Por exemplo, uma aceleração ou um retardamento de 10% se aplica tanto a curtos intervalos de tempo (segundos) como a longos períodos (horas ou dias), o que sugere a presença do relógio interno e impreciso que regula nosso cérebro.



Estudos feitos com doentes de Parkinson têm ajudado a desvendar os mecanismos neurais subjacentes à forma de avaliar o tempo. O Parkinson é uma doença neurodegenerativa que, em estágio avançado, atinge os gânglios da base, estrutura neural que tem a dopamina como neutransmissor e está associada a funções como controle motor e cognição. Os principais sintomas do distúrbio são, portanto, problemas de motricidade (rigidez muscular, tremores, dificuldades para realizar movimentos) e de memória.


O Parkinson apresenta, no entanto, um aspecto que, apesar de conhecido, é considerado secundário pelos clínicos: a distorção do sentido de tempo. Pessoas com a doença tendem a subestimar espaços de tempo inferiores a meio segundo e a superestimar períodos um pouco mais longos, de 30 segundos até um minuto. Ou seja, experimentam perda de precisão na estimativa de tempo, o que leva a uma desaceleração da maior parte das ações. Isto não envolve apenas dificuldades em executar movimentos, mas também uma percepção deturpada do mundo ao redor. Essa distorção pode ser corrigida com a administração de precursores de dopamina, que regularizam o funcionamento dos neurônios dos gânglios da base. Quando os níveis desse neurotransmissor estão normalizados, os espaços de tempo curtos se tornam mais longos e vice-versa. Dessa forma, a percepção do tempo vai encaixar-se novamente na descrição de Weber.

Alberto Oliverio psicobiólogo, é diretor do Centro de Neurobiologia da Universidade La Sapienza, na Itália.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Império pirata



Partido político, ativistas digitais desafiando a lei e até uma estranha seita religiosa... Conheça a revolução influenciada pelos suecos revolucionários do The Pirate Bay que visa difundir o livre compartilhamento pelo mundo.
por Tiago Cordeiro


Não roubarás. “Copiarás.” É assim, com um único mandamento, que uma nova seita criada na pequena cidade de Uppsala, a 70 km da de Estocolmo, capital da Suécia, planeja conquistar fiéis pelo mundo. Mas quem passar por lá não verá sede, nem santos. Os adeptos da Igreja Missionária do Kopismo fazem tudo pela internet. Eles se reúnem em salas virtuais para compartilhar cópias de textos, músicas e vídeos. Lá, debatem lemas como “o software pago é comparável à escravidão”, entre outros lemas libertários sobre tecnologia. Os cultos, fechados, são conduzidos pelo seu fundador, o estudante de filosofia Isaac Gerson, de 19 anos, que prega o livre compartilhamento como algo sagrado. Nenhum deles compra livros, CDs ou DVDs, nem utiliza programas como Windows ou iTunes. Usam o sistema aberto Linux nos computadores e, para justificar os atos fora da lei, costumam afirmar que impedir a comunhão da cultura, ou cobrar por ela, é inaceitável. “Somos contrários a qualquer tipo de controle da informação. Ninguém tem o direito de dizer às pessoas o que ler, ouvir ou ver”, afirma Gerson, que, em maio deste ano, enviou ao governo sueco uma petição para que o Kopismo se torne de fato uma igreja reconhecida.

Por enquanto, para quem está de fora, a seita parece uma brincadeira. Exatamente como aconteceu com a principal influência do grupo, o site de torrents The Pirate Bay, também da Suécia. Fundado em 2003 por 3 garotos de 20 e poucos anos que queriam compartilhar arquivos sem pagar nada por isso, se transformou, quase sem querer, num marco da cultura do grátis na internet. Gottfrid Svartholm, Fredrik Neij e Peter Sunde, seus fundadores, viraram símbolos de uma geração que tem acesso à cultura como nenhuma outra na história, pela internet, e fazem tudo por esse direito. Se você hoje vê um seriado americano no dia seguinte que ele passa na TV, deve agradecer a eles. Nos últimos anos, o site inspirou milhares de blogs, partidos políticos na Europa que já se espalham pelo mundo e grupos de hackers, ativistas e acadêmicos. Uma nova religião é apenas mais uma amostra dessa ideologia de liberdade do barco pirata virtual.

DA CADEIA AO PALANQUE

Quem vê o trio que criou o The Pirate Bay pelas ruas de Estocolmo talvez não imagine o que o grupo foi capaz de causar na economia e na política mundial. Pouco sociáveis, nenhum deles usa terno: Gottfrid Svartholm, hoje com 26 anos, é um engenheiro da computação que cultiva um cavanhaque de 15 centímetros de comprimento e só usa camisetas pretas de bandas de rock; Fredrik Neij, 33, é um tímido programador que nunca gostou de aparecer; e Peter Sunde, 32, é um especialista de TI e relações-públicas com cara de bom moço que sempre está viajando pelo mundo para conhecer novos lugares.

No começo, toda a estrutura do The Pirate Bay ficava dentro de um quarto. Depois de perceberem o alcance, os garotos investiram num escritório em Estocolmo e em servidores de peso espalhados pelo mundo. “Nossa proposta era inovadora na época: criar um ambiente onde os internautas pudessem explorar, sem limites, toda a liberdade que a internet proporciona”, diz Sunde. O site hoje tem 25 milhões de frequentadores recorrentes e 4 milhões de usuários registrados. O cálculo do prejuízo que ele já gerou também é estrondoso. Segundo números da associação de gravadoras RIAA (Recording Industry Association of America), o Pirate Bay é o maior responsável pelos US$ 7 bilhões anuais que a indústria do entretenimento perde por causa dos downloads ilegais.

Como era de se esperar, o crescimento do The Pirate Bay causou forte resistência por parte dos grupos comerciais. A mando de entidades que representavam gravadoras e estúdios de cinema, a primeira ocupação policial na sede do site ocorreu em 2006. Daí em diante foram centenas de ameaças processuais vindas de todo o mundo. Em abril de 2009, pouco antes do lançamento daquele que seria o filme mais baixado por torrent do ano, Star Trek, os 3 acabaram condenados a um ano de cadeia e ao pagamento de uma multa de US$ 4,2 milhões. Depois de comprovar que o juiz Tomas Norström (o mesmo que autorizou a ação policial de 2006) era integrante de dois grupos antipirataria, eles recorreram da sentença, e, em novembro passado, a pena foi retirada.

Enquanto a briga se estendia pelos tribunais, o ideal de livre compartilhamento e de luta contra a propriedade intelectual ganhou proporção global. A maior influência ocorreu na formação do Partido Pirata, em 2006. Hoje ele já é o maior da Suécia em número de afiliados e, em 2009, elegeu 2 deputados para o Parlamento Europeu. Pelo mundo, outros 22 países contam com representação oficial. A versão alemã, a mais popular, possui 48 cargos locais. Outros 30 países contam com agremiações piratas não-registradas, incluindo o Partido Pirata do Brasil (PPBr), que quer se formalizar até outubro deste ano e concorrer às eleições municipais em 2012. Com a ideologia de “difusão total de conhecimento”, os piratas da política planejam democratizar o acesso à cultura nos mundos online e físico. “As leis que regulam a propriedade intelectual perderam a função original de estimular inovação: servem apenas a interesses econômicos”, diz Luiz Felipe Cruz, integrante do PPBr, que ainda não tem presidente.

Até políticos tradicionais tentaram tirar uma casquinha. Quando Sunde visitou o Brasil para participar do Fórum Internacional de Software Livre, em 2009, o nosso então presidente lhe ofereceu asilo político. “Lula me procurou para dizer que, se eu estivesse ameaçado de prisão na Suécia, poderia viver no Brasil, porque os dois países não têm acordo de extradição”, conta o pirata.
Esta ideologia de liberdade total impulsionada pelos suecos, no entanto, pode servir para atos de gosto questionável. Retrato disso foi a polêmica de setembro de 2008, quando surgiu no The Pirate Bay um link com fotos da autópsia de duas crianças assassinadas. O pai, Nicklas Jangestig, pediu desesperadamente que o torrent fosse removido. Seguindo o princípio radical de que absolutamente toda informação é livre, o The Pirate Bay se recusou a retirar o link, assim como não aceitou tirar do ar a conexão com um site norte-americano de pedofilia. A polêmica fez com que o número de downloads das fotos chegasse a 50 mil por dia. “Não é nosso trabalho julgar se é ético ou antiético o que outras pessoas querem postar e baixar na internet”, diz Sunde.


Piratas da política: inspirados na luta do Pirate Bay pela internet livre e pela cultura gratuita, o Partido Pirata, criado na Suécia, já conta com representações em 52 países, incluindo o Brasil


CONTRA TUDO E TODOS


“O argumento de que a cultura do The Pirate Bay defende a democratização da informação é uma falácia. Todo o material que eles disponibilizam existe por vias legais, basta que o consumidor seja honesto e pague a seus autores”, diz Tim Kuik, diretor da organização holandesa BREIN, que se dedica a caçar piratas. Com o fim do processo judicial de 2009 e a nova administração, a guerra contra o The Pirate Bay e todos os sites de torrent parece ter se intensificado. Em maio deste ano, chegou ao Senado americano o Protect IP Act, um projeto de lei que facilita a retirada do ar de todo e qualquer site que veicule material sem direitos autorais.

Mas para o jornalista Anders Rydell, autor de Piraterna, sem edição no Brasil, livro sobre o movimento pirata sueco, o esforço de remover os arquivos ou criar uma legislação para impedir a troca de arquivos online é inútil. “A cultura do torrent é maior do que qualquer site”, diz Rydell. A solução para a indústria, afirma, é oferecer produtos com recursos extras, além de melhor qualidade e preço acessível. Do contrário, farão crescer o sentimento de “mártires digitais” entre quem baixa músicas e filmes pela internet.

O professor de Arte e Tecnologia, David Darts, da Escola de Cultura de Steinhardt, em Nova York, faz parte do grupo de teóricos que acredita que os benefícios da cultura pirata são maiores que os malefícios. Tanto é que ele elaborou, em 2010, a Pirate Box, uma caixinha portátil com roteador que cria um servidor anônimo para seus alunos compartilharem os arquivos que quiserem na sala de aula. Desenvolvida de forma aberta, ela pode ser aperfeiçoada e comprada por qualquer pessoa por 100 dólares. ”Para mim, o que as pessoas chamam de pirataria é apenas uma forma muito satisfatória de compartilhar cultura”, afirma.

De escolas a congressos, o barco pirata, ao que parece, já conquistou o mundo. Se a partir de agora eles se tornarão heróis ou vilões, é difícil prever. O que sabemos é que, por meio da batalha deles com a indústria, mudamos nossa concepção de consumir cultura. E é o resultado desta briga que dirá como ouviremos músicas e assistiremos a filmes no futuro.

Fonte: Revista Época edição 242

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Sobre a Ética




Por Thomas Mautner
Universidade Nacional da Austrália

A palavra deriva do grego ethos, que significa hábito ou costume. O termo é usado em sentidos próximos, mas que se deve distinguir para evitar confusões:

1 Ética normativa: a investigação racional ou teoria dos padrões do correcto e do incorrecto, do mal e do bem, a respeito do carácter e da conduta, que uma classe de indivíduos deve aceitar.

Essa classe pode ser a humanidade em geral, mas também podemos pensar na ética médica, ética empresarial, etc., como um conjunto de padrões que os profissionais em questão devem aceitar e observar.

Este tipo de investigação e a teoria que dele resulta (exemplos conhecidos são a ética kantiana e a ética utilitarista) não descrevem o modo como as pessoas pensam ou se comportam, mas prescreve como devem pensar ou comportar-se. Chama-se assim “ética normativa”, visto que o seu principal objectivo é formular normas legítimas de conduta e para a avaliação do carácter. O estudo de como se deve aplicar as normas e os padrões gerais a situações problemáticas reais chama-se “ética aplicada”.

Hoje em dia, a expressão teoria ética é frequentemente usada neste sentido. Grande parte do que se chama filosofia moral é ética normativa ou aplicada.

2 Ética social ou religiosa:
um conjunto de doutrinas sobre o correcto e o incorrecto, o bem e o mal, a respeito do carácter e da conduta. Reivindica implicitamente a obediência geral. Neste sentido há, por exemplo, a ética confuciana, a ética cristã, etc. É semelhante à ética filosófica normativa porque pretende ter legitimidade geral, mas difere dela porque não pretende ser estabelecida meramente com base na investigação racional.

3 Moralidade positiva: os ideais e as normas geralmente declaradas e acatadas por um grupo de pessoas, acerca do correcto e do incorrecto, do bem e do mal, a respeito do carácter e da conduta. O grupo pode ser uma nação (e.g., a ética dos índios hopis), uma entidade política (e.g., a ética sudanesa), uma organização profissional, etc.




A moralidade positiva contrasta com a moralidade crítica ou ideal. A moralidade positiva pode tolerar a escravatura, mas esta pode ser declarada intolerável apelando a uma teoria que supostamente tem a autoridade da razão (ética normativa) ou apelando a uma doutrina que tem a autoridade da tradição ou da religião (ética social ou religiosa).


4 Ética descritiva
: o estudo, de um ponto de vista externo, dos sistemas de crenças e práticas de um grupo social também se chama “ética”, e mais especificamente “ética descritiva”, visto que um dos seus principais objectivos é descrever a ética de um grupo. Também tem sido denominada etno-ética, e pertence às ciências sociais.


5 Metaética:
tipo de investigação ou teoria filosófica, distinto da ética normativa, também chamada “análise ética”. Tem essa designação porque toma os conceitos éticos, proposições e sistema de crenças como objectos da investigação filosófica. Analisa os conceitos de correcto e incorrecto, de bem e mal, a respeito do carácter e da conduta, e conceitos relacionados como, por exemplo, a responsabilidade moral, a virtude, os direitos, etc. A metaética também inclui a epistemologia moral: o modo pelo qual as verdades éticas podem ser conhecidas (se é que o podem), e a ontologia moral: saber se há uma realidade moral que corresponde às crenças morais, etc. As questões sobre se a moralidade é subjectiva ou objectiva, relativa ou absoluta, e em que sentido o é, inserem-se nesta rubrica.



O termo latino moralis foi usado por Cícero como um equivalente do grego ethicos e é por este motivo que em muitos contextos moral/ético, moralidade/ética, filosofia moral/ética são pares de sinónimos. Mas o uso é diversificado e o par é também usado para marcar várias distinções. Por exemplo, alguns autores usam “moral” em relação à conduta e “ética” em relação ao carácter.

Thomas Mautner
Retirado de Dicionário de Filosofia,de Thomas Mautner

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

SOLIDÃO


Como suportar passar pela frustração de sentir-se só, sem objetivos e conseqüentemente com muito medo?

Esse momento doloroso apesar da aparência negativa pode ser bastante positivo para dar impulso ao eu interior e às respostas que precisa!
Li certa vez uma frase atribuída a Carl Jung, psicanalista que sucedeu Freud, que resume o conflito da alma do ser humano na busca de si, que é: "O paciente precisa estar só, para reconhecer o que realmente o sustenta, quando mais nada externo consegue sustentá-lo. Só então encontrará sua base indestrutível!"
Só estaremos realmente tendo chances de entrar em contato com o que é verdadeiramente importante em nossa vida, quem somos e o que nos sustenta, quando percebemos que nada no mundo externo pode nos sustentar de fato.

Esses momentos podem chegar sem dor com a colaboração de nossa consciência que se expande e deixa de atribuir ao externo, aos outros, o poder de sustentar nossa vida. Vemos a tudo e todos como companheiros de caminhada e não como muletas.
Ou, essa busca pode vir com angústia, medo e sensação de solidão, quando em meio à dor, todas as nossas crenças são desafiadas, e não podemos contar com ninguém para sustentar nossa angústia e nossa vida. Parece que o chão se abriu a nossos pés, e nos falta o apoio.
Nesse momento de extrema sensação de solidão, sentimos como se nada pudesse nos motivar ou tivesse importância, consistência ou objetivo. Essa é a grande noite escura da alma!
Se continuarmos a procurar no externo motivações de vida ou a buscar nossa identidade na opinião dos outros, estaremos fadados ao insucesso e a muitas frustrações.
Nosso olhar precisa se dirigir ao interno, à busca de nossa base indestrutível, e essa busca pode ter início com muita curiosidade e prazer!
Mas infelizmente, algumas pessoas precisam chegar a um ponto quase insuportável de tensão para começarem a fazer esse caminho interior. E talvez por não conseguirem abandonar a visão e o mundo externo, essas pessoas acabem provocando que esse mesmo mundo ao qual se apegam as abandone primeiro.
Talvez precisem se sentir descendo às profundezas de um poço escuro para terem que buscar suas respostas e sustento no eu interior.
Mas seja qual for o motivo da descida, gosto de dizer que no "fundo do poço existe uma potente mola, e não, um ralo!"

Existe no fundo do poço a mola que nos impulsiona para cima! Às vezes, só mesmo chegando ao fundo da piscina é que encontramos apoio pra dar impulso e voltar à superfície!
Talvez seja essa a sua hora de subir! Hora de dar a si mesmo esse impulso!
Procure seu eu interno, sua verdade interior, sua alma, que é quem tem as respostas corretas!
Qual é sua base indestrutível? O que sente de verdade? Qual sua principal missão nessa vida? Quem é você realmente? Quais os seus anseios?
Existe algo que só você pode fazer nesse mundo e por isso nasceu, por isso está aqui e agora nesse planeta Terra.

Busque e faça o que veio fazer, sem se importar com o que o externo ache a respeito! Ouse! Construa algo que tem em seu coração e verá o quanto o mundo precisava disso. Mas somente você é quem poderia fazer, pois somos seres únicos e a cada um de nós cabe uma parte dentro da grande obra de construção de um mundo melhor!


Todas essas respostas estão dentro de você! Perceba que na verdade você já conhece essas respostas, mas apenas não ousou dizê-las a si!
Não existe solidão para quem encontrou a si mesmo!

Autora: Vera Calvet