segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Esperanças

O mestre Tostão escreveu neste último domingo sobre jovens jogadores que se perdem na carreira e na vida, e com extremo equilíbrio e seriedade (peculiar a seu caráter) afirmou que essa pessoa necessita de ajuda especializada. É nesse momento que entra em cena a mais fantástica ferramenta já criada que dispomos na atualidade: o Coaching. Quando perdemos a missão, visão, valores e propósito, perdemos o sentido para a trabalhar e viver; assim como aconteceu com o goleiro Bruno, Jobson e pode acontecer com outros. A concretização do sonho se dissipa. Mais uma vez Tostão está correto, é necessário ajuda especializada.

Futebol é mais que saber apenas utilizar as pernas, é preciso utilizar a mente.



Por Tostão

Jobson cometeu mais uma indisciplina e foi afastado do Bahia. Segundo o noticiário, tinha de chegar às 22h na concentração. Chegou às 6h do dia seguinte. A noite deve ter sido emocionante. No Botafogo, no Atlético e no próprio Bahia, teve condutas parecidas. Neste ano, por ter feito mais de seis jogos pelo Bahia, Jobson, excelente atacante, não poderá atuar na Série A do Campeonato Brasileiro.

No futebol, há muitos Jobsons. No passado, eram mais frequentes. Faziam parte do folclore e do romantismo. Eram menos punidos. No Cruzeiro, no início dos anos 60, antes da inauguração do Mineirão, havia um centroavante que só fazia gols se fugisse da concentração para se encontrar com a amada, uma prostituta. Outro, sempre que estava jogando bem, desaparecia. Semanas depois, aparecia com uma fantasiosa e comovente história. Matou, várias vezes, todos os parentes.

Esses Jobsons, desajustados, inadaptados ao futebol e à vida, incapazes de conviver, reprimir e sublimar seus instintos e indesejáveis desejos, precisam de diagnósticos e de tratamentos corretos, feitos por quem entende do assunto. Não podem ser tratados por curiosos, amigos, treinadores nem por médicos de outras especialidades.

Os tapinhas nas costas e os comentários, bem intencionados, de que são incompreendidos e que não tiveram carinho contribuem para não procurarem tratamento. Sentem-se vítimas e acham que são os outros os culpados de todos os seus problemas.



Os atletas, por conviverem com o fracasso e o sucesso, têm mais dificuldades na vida. "Ninguém está preparado para a fama". Quem disse isso não foi nenhum filósofo grego. Foi Dirceu Lopes, cracaço do Cruzeiro nos anos 60, um jovem equilibrado. Por falar em filósofo, desejo ótima recuperação a outro cracaço, o pensador Sócrates.

Acrescento que poucos estão preparados para a vida e, muito menos, para a morte. O ser humano, por causa do narcisismo, de se achar muito importante e que tem uma grande missão na Terra, mesmo se for para ligar e desligar o computador e para acessar o Google, não suporta sua insignificância diante do mundo, da natureza nem a finitude de sua vida.

Nesta semana, assisti ao belo filme "Melancolia". Não pense que sou melancólico, pessimista. Adoro viver, do meu jeito. Sou realista, talvez um pessimista esperançoso. Tenho esperanças na saída de Ricardo Teixeira e de outros dirigentes, que estão há longo tempo no poder.