sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Questões existenciais

O Homem Vitruviano é um desenho de 1492, feito por Leonardo Da Vinci

Nascer, aprender, viver, experimentar, estabilizar, apreciar, morrer. Não, não é uma reportagem do Régis Rösing. Tais verbos sintetizam, de maneira superficial, sim, porém completa, uma vida. Interessante notar que algo tão complexo, objeto de estudo de mentes privilegiadas, pode ser visto por outro prisma, por um prisma tão simples quanto dois mais dois é igual a quatro. Vamos direto ao ponto: qual o sentido da vida?
Seria uma perda de tempo discutir esta questão? Afinal, diz o velho ditado que cavalo dado não se olha os dentes, e analisando friamente o assunto, pode-se dizer que a vida nos foi dada, é um magnífico presente, o maior e melhor que todos, sem restrição, já recebeu. Mas, por sermos animais pensantes, termos este diferencial em relação aos demais, questões aparentemente irrelevantes, como esta, podem ser discutidas, e às vezes, chegando a resultados que, não sendo definitivos, são interessantes.
Ratificando o que já foi escrito, somos animais, e como tais, acredito que o sentido da vida, tal qual o de outros seres que vagueiam sobre a Terra, é procriar com o intuito de preservar a espécie. Uma opinião gélida, confesso, mas a que se sobressai, atualmente, na minha cabeça. Porém, e buscando outra informação já citada, somos seres pensantes, e sendo assim, viver para procriar é pouco. Nossa mente ambiciona mais, algo que justifique nossa existência, um norte para nos servir de guia no difícil caminho da existência.
Este detalhe, a inteligência, é crucial para tentarmos definir o sentido da vida. Digo, para continuarmos com este texto, já que, querer explicar o sentido da vida em algumas linhas de um blog seria o cúmulo da pretensão. Continuando, graças ao pensamento, temos a necessidade de criar necessidades. Isso é inerente ao ser humano, totalmente natural. A idéia, então, pode ser consolidada da seguinte maneira: como objetivo-mor, subconsciente, está a reprodução; do lado consciente, com aspecto subjetivo e servindo como uma espécie de impulsão, ou melhor… de motivo mesmo, metas, especialmente metas a longo prazo.
Deixemos de lado, agora, o objetivo-mor; concentremos-nos nas metas, na necessidade de se criar necessidades. O sentido da vida é, então, cumprir metas previamente estabelecidas. Estas metas podem ser divididas segundo a importância: em primeiro lugar, as a longo prazo e determinantes na vida, como casar, ter filhos, conseguir um bom emprego, ter uma casa etc. O que vem abaixo delas podem ser consideradas metas secundárias, que, se não servem de caminho para alcançar as metas principais, são dispensáveis, ainda que muitas vezes não as dispensemos por mero capricho.
Dito isto, fica claro que o que vem depois da vida é, de certa maneira, irrelevante. Ninguém, absolutamente ninguém, sabe o que vem depois da morte. Isto é fato, e não há religioso no mundo que consiga me convencer do contrário. Não quero dizer, com isso, que suas crenças e/ou previsões estejam erradas; só digo que, total certeza, ninguém tem. Sendo assim, o que importa, em vida, é o miolo dela, a parte em que lutamos para alcançar nossos objetivos, em que alegrias e tristezas são recorrentes, mas que, com boa vontade e ânimo, culminam com a plena satisfação do dever cumprido. Temos uma mentalidade moldada por filmes, livros e demais apetrechos culturais: o fim é o ápice, a parte decisiva, onde tudo deve fazer sentido, e todas as pontas devem ser presas. Não! O meio, na vida, é o que importa. Viver a vida em sua plenitude, com tudo de bom que ela tem a oferecer, para chegar ao fim com a tranqüilidade que só os bons têm. Por isso que, embora eu possa me arrepender do que escreverei caso um dia vá parar no inferno, não ligo para o que vem depois da morte; o que importa, é o presente, o agora. Para frente, no máximo me preocupo com minhas metas, ainda não definidas, é verdade, mas já com uma vaga forma.
O assunto é grandioso. Não é uma tese definitiva, como todas, mas enfim, é uma tese sobre o sentido da vida. Se estou certo? Parafraseando Sócrates, só sei que isso eu não sei.