sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

QUAL A SUA RELAÇÃO COM A TECNOLOGIA?

Numa sociedade que está tecnologicamente a avançar rapidamente (pelo menos comparando com o ritmo de Eras recentes) e, com isso, a transformar as nossas vidas (quem é que não tem celular? E computador?) começaram a surgir diversos movimentos: uns a favor da tecnologia ao serviço do homem, outros a favor da condenação e destruição das máquinas e por aí adiante.

Reunimos aqui algumas das principais correntes. Você identifica-se com alguma delas?

CATASTROFISMO - embora defenda a tecnologia, este movimento vive com medo de um cataclismo global do tipo "bomba nuclear" devido aos avanços da Ciência e da Tecnologia e que teve o seu apogeu durante a Guerra Fria. Foi uma época que se inciou nos anos 50 e que fez temer um confronto entre os Estados Unidos e a União Soviética tendo atingido o seu momento crítico com a tentativa de envio de armas nucleares por parte dos sovietes para Cuba. Deu origem a numerosas seitas como a liderada por Royce Elms (líder da Primeira Igreja Pentecostal de Amarillo) que acreditava que a América ia ser alvo de um ataque nuclear por desígnio de Deus(!).

TRANS-HUMANISMO - segundo os seus princípios, a tecnologia deve estar ao serviço do Homem e o seu progresso só poderá conduzir-nos para uma sociedade mais evoluída e feliz (combate mais eficaz de doenças, deslocações mais fáceis e menos caras graças a novos tipos de aviões, automóveis e outros meios de transporte, uso para fins pacíficos da inteligência artificial, desenvolvimento de robots inteligentes e servis, criação de próteses que facilitem a vida de pessoas incapacitadas devido a doenças cardiovasculares, neurológicas e acidentes, etc).

SINGULARITANISMO - os seus seguidores vão mais longe do que os anteriores e acreditam que o homem será capaz de desenvolver sistemas super-inteligentes, ou seja, mais inteligentes que ele próprio. Os seus opositores, os ECO-ANARQUISTAS (ver em baixo), acreditam que os interesses militares e industriais envolvidos no desenvolvimento tecnológico constituem um perigo a considerar. A propósito: em 2009, a NASA, a Google e outras empresas, criaram a Singularity University, na Califórnia, onde se preparam os líderes da próxima Era Tecnológica baseada na inteligência artificial (o custo dos cursos ronda os 25 mil dólares). O termo "singularidade" foi criado por Vernor Vinge, em 1993, para descrever o momento em que os computadores ultrapassarão as capacidades do cérebro humano. Diga-se, de passagem, que quanto a atividades lógico-matemáticas, já há computadores com super memórias e dotados de raciocínio exato (o chamado "paradoxo de Moravec" afirma que raciocinar exige pouca computação e por isso é matematicamente possível tornar um computador super inteligente; alguns já simulam comportamentos emocionais). Vantagem: o que se aprende na construção destas máquinas pode ter aplicação prática na medicina, o que levou, por exemplo, à criação de próteses impensáveis há 10 anos). Este é o movimento mais pujante na atualidade. Ver a universidade acima citada em: http://singularityu.org/.

TECNOPROGRESSIVISMO - este movimento defende que a tecnologia deve estar ao serviço da distribuição justa dos seus custos, riscos e benefícios sem o que o conhecimento não representa qualquer avanço. Os seus membros mais radicais apoiam o direito de cada pessoa modificar o seu corpo e a própria mente com o recurso à ciência.

Contra estes movimentos - que os espíritos mais cépticos chamam de "tecno-utopistas" ou "tecno-idealistas - existem três grandes grupos:

- OS BIOCONSERVADORES (ou bioludistas), herdeiros de movimento social do século XIX, que se opõem à substituição da mão-de-obra humana por máquinas por recearem que a tecnologia possa ameaçar a ordem social;

- OS ECO-ANARQUISTAS, que se opõem aos "singularitanos" (ver acima SINGULARITANISMO) e que acreditam em teorias de conspiração desenvolvidas pelos governos das nações mais poderosas, dos militares e das grandes corporações industriais; e

- OS PRIMITIVISTAS, que se opõem a todo o progresso tecnológico e defendem o regresso do homem aos modos de vida de há 10 mil anos baseados na caça, na pesca e na apanha de frutas e outros vegetais para alimento das comunidades humanas.

Nelson Lima