sexta-feira, 25 de novembro de 2011
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
Amar é partilhar do drama coletivo da humanidade
"Nenhum ser humano é uma ilha. Se um punhado de terra é levado pelo mar, a Europa fica menor (...) A morte de qualquer homem rebaixa-me, pois estou envolvido com a raça humana, e, portanto, nunca procures saber por quem os sinos dobram; eles dobram por ti" Jonh Donne
Nesse contexto, de absoluto individualismo e desamor ao semelhante, a ética cristã se apresenta como única saída possível para uma prática comunitária de respeito e compaixão aos que se ligam pela gênese comum dos homens.
Talvez por partilhar os dramas e se identificar de forma tão profunda com a raça humana ele chora a morte de Lázaro, sentindo a perda do amigo, seu semelhante. Por isso eternamente se compadece dos que são esmagados pela dureza da vida, pois ainda chora com os que choram.
No século XVII, doente, à beira da morte, o poeta e pregador inglês John Donne, ao ouvir as badaladas insessantes dos sinos da igreja que anunciavam a todo instante a morte de mais um vítima da peste negra, escreveu versos maravilhosos, como quem percebeu que aquele drama que assolava a Europa era o drama coletivo de toda a humanidade.
Reconhecer que a vida do outro me diz respeito é humanizar-me, é partilhar o mesmo sentimento do Deus que tanto amou o mundo, que por ele se humanizou. Humanizar é tornar-me aliado do Deus que não age pela meritocracia; do Deus que faz nascer o sol e faz chover a chuva sobre justos e injustos; que não faz acepção de pessoas. Ele mesmo, que quer a vida eterna para todos, para que onde Ele estiver, estejam todos também.
Alex Carrari
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
Jung sobre a morte e a psiquê
Jung sobre a morte e a psiquê: "Não estamos exatamente certo sobre esse fim"
O que é a morte? E como a psique poderia sobreviver à morte física? Quem responde é um dos mais fundamentais nomes da psicologia e do pensamento do século XX, o psiquiatra suíço Carl Jung (1875-1961), fundador da psicologia analítica, neste trecho de uma entrevista com imagens dele em vídeo feitas pela BBC em 1959. Afirmando que devemos considerar a morte como um objetivo, ele diz que ainda não sabia o que a morte era exatamente, mas que sabia por fato que “a psique não está confinada aos domínios do tempo e do espaço”. E que “só os ignorantes negam esse fato”.
O link do vídeo (4min30seg) segue abaixo, originalmente em inglês mas com legendas em português. Logo abaixo do link vídeo há a transcrição do trecho.
http://www.universalsubtitles.org/en/videos/W78167WhkHG2/info/Carl%20Jung%20speaks%20about%20Death/
Segue abaixo a transcrição deste trecho da entrevista:
P: Me lembro que você disse que a morte é psicologicamente tão importante quanto o nascimento. E como ela é parte integral da vida, mas, de verdade, não pode ser como o nascimento se é ela é um fim, pode?
Carl Jung: Sim, se ela for um fim. E ainda não estamos exatamente certos desse fim. Porque, veja, há essas faculdades peculiares da psique que não estão inteiramente confinadas ao tempo e ao espaço. Você pode ter sonhos e visões do futuro, pode enxergar além das esquinas, e essas coisas. Só os ignorantes negam esses fatos. É bem evidente que existem e que sempre existiram. Esses fatos mostram que a psique, em partes pelo menos, não depende desses confinamentos. E então o que? Quando a psique não está sob essa obrigação, de viver somente no tempo e no espaço, e obviamente não está. Então, até esse ponto, a psíque não está subjugada, a essas regras. E isso significa praticamente continuação da vida, uma espécie de existência física, além do tempo e do espaço.
P: Você mesmo acredita que a morte é provavelmente o fim de tudo? Ou você acredita…
Jung: Bem, não posso dizer. Veja, a palavra “acreditar” é uma coisa difícil para mim. Eu não “acredito”, tenho que ter uma razão… para certas hipóteses. Uma vez que sei algo, e então sei, não preciso acreditar. E se… eu não me permito, por exemplo, acreditar nas coisas só por acreditar. Não consigo acreditar. Mas quando há suficientes razões para certa hipótese, devo aceitar essas razões, naturalmente. Devo dizer que devemos reconhecer a possibilidade disso.
P: Bem, você nos disse que devemos considerar a morte como um objetivo.
Jung: Sim…
P: … e fugir dela é esquivar-se da vida e de seus propósitos.
Jung: Sim…
P: Que conselho você daria às pessoas, para que mais tarde na vida possam fazer isso, quando a maioria delas na verdade acredita que a morte é o fim de tudo?
Jung: Bem, veja, eu tratei muita gente idosa. É muito interessante observar o que a consciência delas está fazendo com o fato que estão aparentemente ameaçadas por um fim completo. Este fato é desconsiderado. A vida se comporta como se fosse continuar. Então acho que é melhor para as pessoas idosas continuarem vivendo, irem em frente, para o dia seguinte, como se ainda fosse viver por séculos, então viverá corretamente. Mas quando fica com medo, quando não olha adiante, olha para trás, choca-se, pára, e morre antes do tempo. Mas quando vive olhando em frente, para a grande aventura à frente, então vive, e trata-se do que o inconsciente quer fazer. Claro que é óbvio que todos iremos morrer, que é um triste ‘finale’ de tudo, mas, mesmo assim, há algo dentro de nós que não acredita nisso, aparentemente. Mas isso é somente um fato, um fato fisiológico. Não significa para mim que algo está provado. É simplesmente assim. Por exemplo, posso não saber porque precisamos de sal, mas preferimos comer sal também, porque nos faz sentir bem. E pensando de certa maneira, você realmente se sente melhor. E se você pensar de acordo com as linhas da natureza, você pensa corretamente.